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Garantia do Direito à Educação: monitorando o PNE – Lei nº 13.005/2014


                                  em relação aos professores: eles devem ter ótimo desempenho
                                  e visar a excelência; aderir a um profissionalismo caracterizado
                                  por um engajamento apaixonado, uma exigência elevada e uma
                                  ética do serviço prestado aos seus “clientes” (Tardif; Lessard,
                                  2011a, p. 10).


                      Ainda que seja uma profissão antiga, a docência tem sido situa-
                 da como um “setor nevrálgico” nas novas economias (Tardif; Lessard,
                 2009). Em condições bastante diversificadas, conforme a Unesco, no fi-
                 nal do último século já haviam mais de 60 milhões de professores atuan-
                 do profissionalmente em todo o mundo. Outro aspecto que merece ser
                 destacado refere-se à ampliação dos orçamentos nacionais com despe-
                 sas em educação, ou mesmo a democratização do acesso a escolarização
                 básica em países tidos como emergentes. A partir dessas ponderações,
                 os sociólogos argumentam ainda que “os agentes escolares constituem,
                 portanto, hoje, tanto por causa de seu número como de sua função, uma
                 das principais peças da economia das sociedades modernas avançadas”
                 (Tardif; Lessard, 2009, p. 22). A profissão docente em nosso tempo é
                 situada em dimensões econômicas; entretanto, importa reiterar também
                 sua centralidade política e cultural.
                      Tal centralidade, conforme os sociólogos, decorre da generalização
                 das instituições escolares nas diferentes sociedades. Em suas palavras,
                 “longe de se desfazer com o tempo, constata-se que esse modo de socializa-
                 ção e formação, que chamamos de ensino escolar, não para de expandir-se,
                 ultrapassando em muito as instituições que lhe serve historicamente de
                 suporte, ou seja, a escola” (Tardif; Lessard, 2009, p. 23). Paradoxalmente,
                 nunca se falou tanto em crise da escola. Remetendo-se ao contexto britâ-
                 nico, Robert Moon (2011) assinala que essa condição atravessa os próprios
                 processos de formação de professores de seu país. Em sua percepção, o fato
                 das escolas de formação de professores terem surgido na Inglaterra, no ano
                 de 1798, no bairro londrino de Southwark é exemplar dessa condição.

                                  O fato de que foi Southwark e não Oxford que viu nascer a
                                  formação de docentes explica uma parte dos problemas com os
                                  quais os formadores se defrontam até hoje, principalmente a falta
                                  de credibilidade, a penúria de competências entre os estudan-
                                  tes, assim como as ambiguidades de um programa de estudos que
                                  mistura educação pessoal e formação profissional. Todas essas di-


                                                                                 153





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