Page 155 - Garantia do Direito à Educação
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Garantia do Direito à Educação: monitorando o PNE – Lei nº 13.005/2014


                      O conceito de “educação permanente” é atribuído a Bertrand
                 Schwartz em uma obra intitulada A educação amanhã, cuja tradução
                 foi publicada no Brasil no ano de 1976. De acordo com o pesquisador
                 francês, “o aparelho educativo deve, pois, dar igualmente aos indiví-
                 duos as chaves do saber, do saber-fazer e do saber-ser. Por tal razão,
                 quisemos que nosso projeto se definisse como simultaneamente cen-
                 trado sobre a pessoa e aberto” (Schwartz, 1976, p. 60). A educação
                 permanente, tal como esboçada nesta obra, operaria nos âmbitos do
                 ser, do fazer e do saber. O modelo desenvolvido por Schwartz ainda se
                 ancorava em outros pressupostos, quais sejam:


                                  [...] desenvolvimento da igualdade de oportunidades, conti-
                                  nuidade no tempo e no espaço, associação entre os níveis da
                                  formação geral (cultural e social) à formação profissional, parti-
                                  cipação dos usuários na determinação dos objetivos, dos meios
                                  e das modalidades de controle. (Schwartz, 1976, p. 60)

                      Não foram necessários muitos anos para que a educação perma-
                 nente se convertesse em políticas de formação continuada de profes-
                 sores, defendida como indispensável nos variados setores acadêmicos
                 e profissionais. Conforme uma importante sistematização realizada por
                 Gatti e Barreto (2009), no início desta década mais de setecentos mil
                 professores  participavam de atividades de formação continuada no
                 Brasil. De acordo com as pesquisadoras, são variadas as motivações e as
                 intencionalidades que orientaram tais práticas formativas no decorrer
                 da última década. Via de regra, tiveram como propósito “a atualização
                 e aprofundamento de conhecimentos como requisito natural do traba-
                 lho em face do avanço nos conhecimentos, as mudanças no campo das
                 tecnologias, os rearranjos dos processos produtivos e suas repercussões
                 sociais” (Gatti; Barreto, 2009, p. 200).
                      Para além dessas demandas, derivadas tanto de questões sociais e
                 econômicas, quanto de aspectos culturais e tecnológicos, a formação con-
                 tinuada no Brasil é reivindicada para o desenvolvimento profissional dos
                 professores; todavia, gradativamente, suas preocupações foram deslocadas
                 para “uma concepção de formação compensatória destinada a preencher


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