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Roberto Rafael Dias da Silva


                    lacunas da formação inicial” (Gatti; Barreto, 2009, p. 200). No que tange
                    ao contexto latino-americano, Aguerrondo (2004) pontua a própria fra-
                    gilidade dos programas de formação continuada desenvolvidos na região.
                    De acordo com a pesquisadora, a referida fragilidade poderia ser justifica-
                    da pelas dificuldades para a formação em massa, pela brevidade dos cur-
                    sos, pelas limitações nos recursos financeiros, pelos impasses estabelecidos
                    na oferta dos instrumentos necessários para as mudanças pedagógicas ou
                    mesmo pela baixa participação dos docentes no planejamento e na execu-
                    ção das atividades (Aguerrondo, 2004).
                         Concordando com Imbernón (2009) acerca de uma superação
                    dos “modelos de treinamento” na formação continuada de profes-
                    sores, Gatti e Barreto (2009, p. 203) defendem uma perspectiva
                    centrada no desenvolvimento profissional:


                                     Nesta concepção de formação como um contínuo ao largo da
                                     vida profissional, o conceito subjacente é o de desenvolvimen-
                                     to profissional. O processo de formação é definido como um
                                     movimento orientado a responder aos diversos desafios que se
                                     sucedem no que se poderia identificar como diferentes fases da
                                     vida profissional: o início da carreira, o processo de desenvolvi-
                                     mento e os tempos mais avançados em que o professor consoli-
                                     da sua experiência profissional.

                         Objetivamente, com base na literatura contemporânea, pa-
                    rece delinear-se uma crítica aos modelos de formação continuada
                    centrados no treinamento e na compensação das lacunas derivadas
                    da formação inicial e uma defesa de um modelo centrado no de-
                    senvolvimento profissional. Mais uma vez recorrendo às pesquisa-
                    doras brasileiras, tais práticas deveriam ser implementadas a partir
                    de “oficinas de reflexão sobre a prática e a formação centrada no
                    fortalecimento institucional” (Gatti; Barreto, 2009, p. 203). Em ar-
                    ticulação a esses modelos, em obra amplamente difundida no país,
                    Imbernón (2009) defende uma centralidade na reflexão de “situa-
                    ções problemáticas” e a constituição de comunidades formativas,
                    capazes de desenvolver a colaboração e potencializar a identidade
                    docente. O paradoxo aqui esboçado diz respeito a uma defesa das


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