Page 154 - Garantia do Direito à Educação
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Roberto Rafael Dias da Silva


                                     ficuldades como falta de dinheiro, de recursos e, até recentemen-
                                     te, de talentos, resultaram, em parte, desse nascimento humilde
                                     em Southwark (Moon, 2011, p. 93).


                         O exemplo apresentado por Moon serve para evidenciar os mo-
                    dos pelos quais, ao longo do tempo, a formação de professores esteve
                    distante das tradições universitárias consideradas como de “excelên-
                    cia”. Dessa forma, o primeiro paradoxo que gostaríamos de sinalizar
                    diz respeito aos modos pelos quais os cursos superiores destinados para
                    professores foram sendo desenvolvidos em centros acadêmicos pouco
                    reconhecidos internacionalmente. Ainda que tenha sido construída no
                    final do século XX uma forte retórica acerca da formação de professo-
                    res, faz-se importante apontar que seus cursos ainda são muito recentes
                    e estão longe de ter uma origem acadêmica “nobre”. Apesar disso, fo-
                    ram inúmeros os esforços para conduzir as possibilidades de formação
                    docente através do conceito de “desenvolvimento profissional”, que
                    exploraremos no próximo paradoxo.


                    Paradoxo II: a formação continuada e a questão
                    do desenvolvimento profissional


                         No que tange à literatura pedagógica, bem como em relação às
                    políticas educacionais, a questão da formação continuada de professo-
                    res é relativamente recente. A noção de “educação permanente” pas-
                    sou a integrar efetivamente um lugar estratégico para a educação con-
                    temporânea no ano de 1970, considerado pela Unesco como o “Ano
                    Internacional da Educação”. Por conta dessa definição da organização
                    internacional foram criados 21 princípios, dos quais um destes afirma-
                    va que “a educação permanente deve ser a pedra angular da política
                    educacional nos próximos anos, tanto nos países desenvolvidos quanto
                    nos países em desenvolvimento, para que todo indivíduo tenha opor-
                    tunidade de aprender durante toda a sua vida” (Faure, 1972, p. 238).
                    O referido documento enuncia a noção de aprendizagem ao longo da
                    vida que se tornará central nas décadas subsequentes.


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