Page 216 - Garantia do Direito à Educação
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Jane Paiva
mologia para a qual o ponto de ignorância é o colonialismo e o ponto
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de saber é a solidariedade (conhecimento como emancipação)” (Santos,
1999, p. 110). Para o autor, a reinvenção da deliberação democrática im-
plica a reconstrução de novos espaços-tempos que façam frente à com-
pressão e à segmentação do espaço-tempo, e que possam incluir o local,
o regional e o global, além de atender a exigências cosmopolitas, cujo
sentido último é a construção de um novo contrato social.
Atribuindo aos sujeitos, no cotidiano, a possibilidade de reinventar a
emancipação social, Santos (2002, passim) propõe a todos nós democra-
tizar a democracia, sem o que a injustiça e a desigualdade não dão trégua
às populações.
Se a condição de trabalhador é uma marca desses novos sujeitos,
não basta para pensar políticas educacionais para esse (novo) público.
Problematizar o respeito à diversidade de sujeitos e a construção de
identidades democráticas põem-se como concepções epistemológicas
em disputa, necessariamente emergentes desse modo de pensar políti-
ca pública. Talvez esta seja a mais significativa das características dessa
forma de fazer política pública dos últimos anos - a diversidade de su-
jeitos e suas expressões cotidianas de produzir o mundo e o conheci-
mento - conferida à variedade de ofertas de atendimento.
A marca mais forte da diversidade, entretanto, em nosso país, ain-
da tem se expressado pela desigualdade, o que mobilizou políticas no
sentido de reverter a tendência tão naturalizada. Se por um lado, a di-
versidade implica o risco da crítica à focalização (pensar alguns sujeitos
em detrimento de outros), cabe explicitar que diversamente do movi-
mento dos anos 1990, em que uns eram preteridos a outros, o que se
percebeu nessas formulações foi o cuidado de marcar as propostas com
aspectos próprios da educação de jovens e adultos do ponto de vista do
currículo, de conteúdos e de modos de organizar a prática pedagógica
segundo movimentos da existência de sujeitos cuja realidade de vida e
4 Boaventura de Sousa Santos (1995, p. 25 apud Santos, 1999, p. 110) define que a epistemologia moder-
na faz sua trajetória de um ponto de ignorância, designado por ele de caos, para um ponto de saber, que
designa de ordem, tomando o conhecimento como regulação.
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